REVIEW (sem spoilers): CLAIR OBSCUR: EXPEDITION 33
- Leonardo Bezerra

- 27 de nov.
- 12 min de leitura

Clair Obscur: Expedition 33 com certeza furou a bolha dos RPGs esse ano por entregar uma história autêntica, uma jogabilidade extremamente viciante e gráficos dignos de um "triple A". O impacto foi tão gigantesco que, mais cedo ou mais tarde, teríamos que trazer a nossa opinião em relação a uma das maiores surpresas do ano na indústria de videogames.
Assim, depois de apreciar - já adiantando - esta nova obra de arte dos jogos de videogame, trago, como de costume, sem nenhum spoiler, a impressão definitiva do portal Legends and Gamers da nova surpresa do gênero "J-RPG", e de um dos títulos mais inovadores dos últimos tempos.
Lembrando que esta análise se baseia nos critérios LAG! Rating, os quais foram detalhadamente expostos na matéria abaixo. Desta forma, para o melhor entendimento de todos os critérios, indicamos que previamente seja visto todos os pontos avaliados em um jogo analisado, que pode ou não se manter com 100 pontos, a maior nota de avaliação.
JOGABILIDADE
Como evidenciado acima, Clair Obscur é, sem sombra de dúvidas, um J-RPG. Trazendo combates de turnos, foco em diálogos, mundo expansivo e uma riquíssima lore como fundamentos basilares de seu game design. Mas, é claro que não estamos falando, essencialmente, de um novo Final Fantasy/Dragon Quest, ou outro game genérico com gráficos de "anime" que infestam o mercado japonês. Pelo contrário!
Clair Obscur, como se pode prontamente constatar, foi idealizado pela equipe francesa Sandfall Interactive - fundada por ex-membros da Ubisoft insatisfeitos pelos títulos recorrentes da empresa -, e, por esse motivo, traz diversas peculiaridades dos RPGs ocidentais no escopo apresentado.
O principal diferencial de Clair Obscur: Expedition 33, incontestavelmente, se escora na possibilidade de esquiva durante os combates de turnos.
Uma dessas peculiaridades é logo apresentada no conciso e muito explicativo tutorial de combate do game, onde precisamos, em uma batalha amistosa, nos esquivar em tempo real. Tal mecânica é fundamental em todos os combates a partir de então, e funciona, basicamente, como um "Souls-Like", necessitando se atentar aos padrões dos diversos inimigos do game para evitar tomar danos ao apertar apenas um botão. O "bola" ou "circulo", no meu caso.
Concomitantemente, como se supõe, há, também, a possibilidade de realizar o famigerado "parry" para evitar o dano iminente durante os combates, que pode provocar ou não - a depender do inimigo - um contra-ataque instantâneo, sem considerar a perda de um turno. Por estes motivos, o combate, mesmo sendo por turnos, te engaja a ter atenção e foco constante.
Nesse sentido, o jogo ainda permite aos jogadores potencializarem todos os seus ataques especiais através de "quick time events" a cada ação do golpe escolhido, no melhor estilo God of War ou Devil May Cry da vida. Tornando cada combate envolvente, e estimulando não apenas a estratégia intrínseca nesse tipo de jogo, mas também a proficiência de uma certa habilidade e curva de aprendizado presentes, com muito mais evidência, em jogos de ação.

Porém, quando falamos de combate em Clair Obscur, não se pode deixar de citar a presença dos "pictos", os quais alteram fundamentalmente a forma de jogar e encarar os vários tipos de inimigos presentes nesta jornada. Um grande fator de personalização, com diversos tipos de ramificações que podem variar muito de jogador a jogador.
De forma simples, esses tais "pictos" são habilidades passivas, que podem, depois de variado tempo de uso, integrar permanentemente o personagem que as utilizou, em favor da compra por "luminas" - tipo de ponto de habilidade -.
Assim, quando o "picto" é integrado nas habilidades de um respectivo personagem, através das "luminas", este mesmo "picto" pode ser passado para outro personagem da party, possibilitando, também, a sua integração após a sua aprendizagem. Tornando possível, por exemplo, a utilização de uma mesma habilidade passiva por todos os integrantes da expedição.
Com esses "pictos", portanto, os personagens podem alcançar habilidades muito além das previstas, e que podem muito bem serem combinadas, se sujeitando, por sua vez, a vários tipos de estratégias que irão interferir - ou até mesmo quebrar - todos os encontros disponíveis.
Resumindo, Clair Obscur não só trás um frescor importante para um gênero em decadência - neste quesito -, como também propõe um estilo de combate viciante ao combinar o melhor dos mundos de RPGs orientais e ocidentais. Tudo que o fã de videogame sempre sonhou!
Para além disso, surpreendentemente, a jogabilidade de exploração não deixa nem um pouco a desejar.
A título de comparação, a gameplay destes trechos, em Clair Obscur, está muito atrelada ao que vimos recentemente nos jogos da linha nórdica de God of War ou a franquia Star Wars: Jedi, por exemplo. Com uma câmera "over the shoulder" - no português "acima dos ombros" -, que percorre cenários lineares, integrados por um mundo aberto do continente que proporcionaliza os personagens na escala do mapa, tal como se vê nos J-RPGs clássicos.
Sim, quando estamos no mundo aberto, os personagens ficam no tamanho das árvores do cenário. Referência maior que essa, impossível.
Já nos famosos "corredores" espalhados pelo mapa, podemos encontrar alguns colecionáveis, que, basicamente, são registros de texto das outras expedições que acabaram perecendo na jornada pelo continente, os "pictos", em sua grande maioria, bem como alguma arma, ocasionalmente. Limitando-se a isso.
Mas, em compensação à certa falta de coletáveis, temos uma variedade astronômica de inimigos por todo o lindo cenário do game, que são um show a parte!
Assim, cada área possui uma história única, tanto pelos detalhes e elementos que compõem cada tipo diferente de cenário presente no jogo, quanto pelos inimigos muito bem dispostos, autênticos e, principalmente, visíveis ao jogador. Isso quer dizer que você já pode esquecer as temíveis batalhas aleatórias em Clair Obscur, sem dúvidas um dos piores porres dos J-RPGs.
Falando em batalhas aleatórias, a presença do "grind" também é muito bem delimitada, pois a campanha principal em si não possui grandes dificuldades para passar. Necessitando muito mais da habilidade do que "leveis" máximos para zerar. Agora, se quiser o 100%, o buraco é mais embaixo.
Diante disto, sabendo das limitações do estúdio e a total ausência de expectativa que o jogo possuía, temos em Clair Obscur uma jogabilidade extremamente viciante e moderna para os padrões mais do que esgarçados do gênero. Merecendo ser testada por qualquer um que tiver a oportunidade, pois, certamente, será o novo padrão para o estilo de combates por turno, conjuntamente com as propostas trazidas por Metaphor: ReFantazio. Por essas razões leva, necessariamente, os 25 pontos possíveis desta categoria.
GRÁFICOS E DIREÇÃO DE ARTE
Acho que a palavra que define Clair Obscur, com toda certeza, é surpresa. E tal espanto, pode ser atribuído, principalmente, aos gráficos surreais apresentados, bem como a direção de arte magistral do game.
A começar pelos gráficos, que foram gerados a partir do motor gráfico do momento: a Unreal Engine 5.

Como temos visto no mercado de games atuais, diversas developers estão aderindo a este motor gráfico, e com razão, pela facilidade que ele proporciona e os gráficos estonteantes que pode gerar, se bem aplicado. No entanto, mesmo sendo uma ferramenta excelente, há diversos exemplos negativos de seu, como em Robocop: Rogue City, que possui gráficos bons, mas modelos faciais dignos de PS2. Apesar disso, não é o caso de Clair Obscur.
Desde os cenários hiper complexos, cheios de elementos e infindáveis detalhes, até as expressões faciais dos personagens são, simplesmente, uma aula de desenvolvimento. Chegando até dar brilho nos olhos em certos momentos quando há um contraste magnifico com os raios solares ou o próprio brilho da lua.
Transparecendo, também, como dito anteriormente, em todos os personagens, com modelagens extremamente precisas e fiéis aos atores que participaram de todas as cenas do jogo. Inclusive, apresentando algumas expressões faciais que nunca tinha visto antes nas incríveis e emocionantes cutscenes presentes no game.
Fora o cenário no geral, que é muito bem detalhado e renderizado, em comparação com outros jogos de maior investimento presente na indústria hoje. Com "infinitos" modelos de objetos que dificilmente reaparecem em pontos futuros do jogo, resolução à altura e uma gama surreal de efeitos e elementos distintos na tela, trazendo uma imersão sem igual.
...a cada passo dado, se emoldure uma pintura surrealista na tela do jogador.
E, com toda a certeza, os gráficos são um prato cheio para a direção de arte deste jogo, que é impecável. Isso graças a originalidade surreal decorrente dos conceitos da "lore", onde os cenários são muito bem amarrados pelo mundo pós apocalíptico, devastado e caótico, mas que em nenhum segundo perde sua beleza exuberante e, até certo ponto, catártica.
Se refletindo dignamente em todos os conceitos do jogo, sendo eles: as roupas, os personagens, as armas, etc. Remetendo-se, claramente, diante de tudo que foi apresentado, à cultura francesa iluminista, sem sombra de dúvidas. Tornando a direção de arte livre para fazer com que a cada passo dado, se emoldure uma pintura surrealista na tela do jogador. Misturando elementos fantásticos com o marco zero da modernidade de forma magistral.
Vale ressaltar, ainda, algumas cutscenes em preto branco pontuais que fazem qualquer cinéfilo pular de felicidade, tudo graças à direção de arte.
Com isso, sem pestanejar, posso dizer que eu vi em Clair Obscur a melhor direção de arte do ano, acompanhada de gráficos excepcionais, mas que ainda não superam alguns poucos títulos. Portanto, a nota máxima está de muito bom tom.
NARRATIVA E IMERSÃO
Como brevemente mencionado, Clair Obscur: Expedition 33 trás uma trama extremamente original para os parâmetros da atualidade, e, pensando bem... para qualquer outro parâmetro apresentado até então.
...originalidade, maturidade e competência....
Tendo como premissa inicial, a existência de uma espécie de "deusa" (A Artífice) , a qual, basicamente, destruiu o mundo em que se passa o game, e, para os sobreviventes que vivem na última ilha restante (Lumière), ela pinta os números de 100 a 0, de forma decrescente e anualmente, matando todos que possuírem a respectiva idade. Levando àqueles que estiverem com a idade pintada, como última medida, a partirem em expedições ao continente, onde "A Artífice" se encontra, para poderem interromper o "gommage" - a morte daqueles que tem o número de sua idade pintada -.
Por si só, este ponta pé inicial, já se diferencia de muita coisa presente no mercado hoje, mas o "ouro" da campanha com certeza está no decorrer da história, que possui várias reviravoltas do começo ao fim, acarretando em uma conclusão emocionante em qualquer dos dois finais presentes no jogo. Meu conselho! Persevere até o fim, que você não se arrependerá.

Durante toda a jornada, o jogador é estimulado a descobrir que mundo é aquele, por que existem as criaturas que enfrentamos neste mundo e, claro, por que há o "gommage" de uma forma muito bem idealizada e amarrada. Tornando cada combate por turno uma bela justificativa para podermos descobrir os inúmeros mistérios e teorias feitas em toda a completa jornada.
Evitando falar mais, para não estragar as grandes reviravoltas, pode-se afirmar que, como todo bom RPG, a história de Clair Obscur não fica nem um pouco para trás do restante do jogo, entregando muita emoção, personagens cativantes, um mundo riquíssimo, e tocando em temas importantíssimos, como depressão, perda, existencialismo e amizade. Um grande potencial para uma nova franquia de sucesso, sem dúvidas.
Dito isso, pela originalidade, maturidade e competência Clair Obscur leva a nota máxima de 15 pontos.
4. DESEMPENHO TÉCNICO
Em relação ao desempenho técnico, geralmente, não há muito o que ser dito, e Clair Obscur não é exceção a essa regra.
A minha gameplay foi realizada no Playstation 5 base, e tive uma experiência muito bem otimizada. Apesar de não chegar aos clamados 60 FPSs, o jogo foi bem estável durante toda a campanha, incluindo na hora das batalhas, parte onde possui diversos elementos em tela. Sem nenhum momento marcante de queda de quadros que eu me lembre.
Tal crítica se vale, também, para a presença de bugs, que são quase nulos.
Mesmo que exista algumas exceções, não há nada que atrapalhe a gameplay, limitando-se a apenas a alguns bugs visuais.
Por esse motivo, é justo que o game receba nota 10 em favor de seu desempenho, sem nenhum percalço, mas, também, com nada de especial.
TRILHA SONORA E ÁUDIO
Chegamos, provavelmente, no ponto fulcral de Clair Obscur, e meus amigos leitores, não estou brincando.
Com certeza, Clair Obscur dita um marco histórico para as trilhas sonoras de videogames, com temas rebuscadíssimos, muitas vezes cantados - em francês, a propósito - e que tem papel fundamental na história do jogo. Não falhando em nenhuma faixa das mais de 8 horas de música, sendo ela o ritmo de uma batalha de chefe ou a música ambiente de um dos "minigames" presente no jogo.
Isso sem contar o magnifico tema principal, que faz jus ao panteão quase irretocável da indústria. "Quase", pois, após muito tempo, algum título novo não passa a integrá-lo, e o tema Lumière com certeza está lá.
Não é um absurdo dizer, inclusive, que a trilha sonora deste jogo é uma obra de arte a parte do jogo, autossuficiente, mas que não deixa de incorporar muito bem cada estágio do jogo. Com certeza, o melhor trabalho do ano, disparado!
Já o áudio, não é nada mal. Com muitos efeitos fantasiosos de magia, como fogo, gelo e terra, muito bem masterizados e condizentes com a proposta do jogo. No entanto, algumas dublagens, bem pontuais, no começo do jogo, não ficam a altura das demais do elenco principal. Mas, também, nada que destrua a experiência por completo, tendo em vista o elenco bem conciso que o jogo apresenta.
Portanto, considerando toda a magnificência da trilha sonora e um áudio bem competente, mas não extraordinário, seria um sacrilégio não dar 10 para Clair Obscur.
INOVAÇÃO E ORIGINALIDADE
Como se pode depreender do restante do texto, Clair Obscur é um jogo bastante original. Muito mais pelo sua trama ousada e "diferentona" do que pelo gameplay em si, apesar das peculiaridades demonstradas, que renovam um estilo por completo.
Como até agora foi só elogios - merecidamente, por sinal - separo esse trecho para falar sobre alguns pontos que, mesmo sendo ótimos, não alcançaram a perfeição como os outros aspectos.
A começar pelo hud idêntico ao da franquia Persona.
Embora seja uma clara referência dos "devs", até mesmo evidenciada por eles em entrevistas, acho que poderiam ter feito alguma coisa nova neste sentido, tendo em vista que esta não é uma parte tão extensa e substancial para o desenvolvimento de um jogo destas proporções.
Outra parte que acho que merecia um pouco mais de atenção foi a ausência de uma maior variedade de armas e acessórios, bem como uma maior relevância destes elementos na gameplay. Já que as armas apenas servem como simples potencializadores de dano e as "roupinhas" possuem apenas serventia estética.
Mas, mesmo havendo estes pontos que realmente não acompanharam o restante do jogo, sopesando com a história incrível e a inserção de elementos que jamais acharíamos que seriam possíveis em um jogo por turnos, elevo esta categoria para a sua nota máxima.
REJOGABILIDADE E CONTEÚDO
Além de ser um espetáculo audiovisual, Clair Obscur tem um conteúdo bem recheado para aqueles gamers que se dizem "completistas".
Muitas dungeons para serem exploradas, diversos chefes opcionais - bem apelativos - para serem derrotados e muitos segredos para serem descobertos permeiam todo o mapa do jogo, que vai se abrindo conforme você desbloqueia mais habilidades para "Esquie", a montaria dessa aventura.
Conforme aduz o essencial site para todo gamer How Long to Beat, com um pouco mais de 28 horas para concluir a campanha principal, e 66 horas para acabar com tudo que o jogo oferece, temos em Clair Obscur conteúdo na medida certa de qualidade, ainda mais considerando o escopo de Double A/Indie do game, e o tempo pra lá de exacerbado que o padrão de hoje em dia determina.

O jogo também não peca nem um pouco em seu fator replay, pois possui dois finais em sua campanha, e um modo New Game Plus bem bacana e desafiador, que mantém tudo o que o jogador conquistou ao decorrer de sua jornada, com novos desafios e inimigos bem mais chatos.
Por isso, recebe nota 10.
INTERFACE E QUALIDADE DE VIDA
Por fim, no quesito interface e qualidade de vida, voltamos à questão do layout inspirado, até demais, em Persona. O que infelizmente deve ser penalizado nesta review.
Mas, tirando esse infeliz detalhe, temos uma interface muito boa e bem explicativa. Com destaque para os poucos tutoriais, que, com poucas palavras, conseguem lecionar detalhadamente tudo o que o jogador precisa. Até mesmo em pontos mais avançados da campanha principal.
Os menus também são bem monocromáticos e nada poluídos, facilitando demais para a escolha e navegação entre os "pictos" - sendo este o maior fator para permanecer nas demais telas de inventário e personalização -.
Fechando então com nota 3, pelo demérito apresentado, o qual poderia facilmente ser desviado.
Diante de todos os pontos conferidos até aqui, esta análise se encerra atribuindo a Clair Obscur: Expedition 33 a nota geral de 98 pontos.
Uma jornada surpreendente, emocionante, bela e viciante. Revitalizando e facilitando para novos jogadores este gênero que se torna cada vez mais nichado e movido pela nostalgia que são os J-RPG, com muito carinho e dedicação envolvidos. O verdadeiro demonstrativo que não é necessário grandes investimentos e equipes enormes para fazer um jogo de extrema qualidade, e, mesmo assim, de grande escopo.
O que será que a Sanfall trará nos próximos títulos de Clair Obscur? Só nos resta aguardar.
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