REVIEW (sem spoilers): DEATH STRANDING 2 - ON THE BEACH
- Leonardo Bezerra

- 29 de jul.
- 8 min de leitura
Atualizado: 31 de jul.

O mais novo capítulo do inebriante delírio do aclamado game designer japonês Hideo Kojima, mente por trás da gigante franquia Metal Gear Solid, já lançou há quase um mês, e, depois de terminar o game, bem como passar sobre um longo período de "digestão" para minimamente apurar todos os "infindáveis" detalhes que este jogo carrega consigo, trago, sem nenhum spoiler, a impressão do portal Legends and Gamers em relação ao principal candidato ao melhor jogo deste ano - ou para os mais íntimos: o principal candidato a G.O.T.Y.
Lembrando que esta análise se baseia nos critérios LAG! Rating, os quais foram detalhadamente expostos na matéria abaixo. Desta forma, para o melhor entendimento de todos os critérios, indicamos que previamente seja visto todos os pontos avaliados em um jogo analisado, que pode ou não se manter com 100 pontos, a maior nota de avaliação.
JOGABILIDADE
Apesar da constante linha evolutiva dos games trilhar pelo caminho onde o objetivo não é apenas entreter, mas sim ser uma ferramenta ou instrumento para se contar uma história, não há como se questionar de que a jogabilidade seja o principal fator de um videogame, sendo essa a característica substancial da mídia.
Diante disto, - mesmo que Death Stranding 2 nos faça duvidar cada vez mais da afirmativa supramencionada, como será visto no item 3 - comecemos por este critério, portanto.
Conforme a maioria das continuações indicam - salvo raras exceções - Death Stranding 2 segue os mesmos passos de seu antecessor, sendo o seu principal objetivo, ainda que muito bem desenvolvido e explorado ao decorrer dos dois jogos, a mais pura fórmula de "backtracking", que simplificadamente consiste no "leva e trás" de itens.
Tal técnica é utilizada em diversos jogos, - para não dizer a esmagadora maioria - e se popularizou com o icônico Adventure de Atari, no entanto foi estabelecida definitivamente na indústria, certamente, com os clássicos Survival Horror: Resident Evil e Silent Hill, que utilizavam primorosamente este game design para elaborar seus deliciosos e divertidos puzzles.
Assim, é muito importante ressaltar que durante grande parte do jogo a gameplay se define em basicamente ser um entregador em um mundo pós apocalíptico, onde o portador, o protagonista, precisa realizar entregas de bunker em bunker, enquanto sobrevive e resguarda o conteúdo que está sendo levado.
Contudo, mesmo que o "core" do jogo seja definido pelas diversas entregas de itens que variam em tamanho, peso e formato, ainda sim possui certas variações conforme o desenrolar da progressão - muito mais do que seu antecessor, a propósito -, como por exemplo o combate tanto contra humanos, caracterizados como MULAs e/ou Sobrevivencialistas Armados, quanto contra as famigeradas EPs, espíritos do mundo de Death Stranding. Em ambos há possibilidade de usufruir do stealth, trunfo de Kojima que, em comparação com o primeiro título, está bem mais refinado. Com maiores possibilidades de esconderijo, e formas de passar completamente despercebido em relação aos dois tipos de inimigo.
Mas, para aqueles jogadores com pouca paciência para a ação furtiva, há também um leque muito maior de armas com diferentes funcionalidades para cada tipo de ocasião, sendo que, para esse jogo, as balas de neutralização não letal são quase que unânimes, não necessitando o moroso descarte de corpos a todo momento.

Imagem: Technetbooks.com No mais, o restante da gameplay se mantem intacto, mas obviamente com mais diversificações do que já existia. E, o que existia, - sejamos honestos - já era brilhante. Incluindo toda a mecânica de trilha, caminhada, escalada e dirigibilidade de veículos, que, claro, está acompanhada dos mais variados e fantasiosos gadgets que ajudarão, e muito, o percurso nos mais variados terrenos que o jogo oferece.
Desta forma, apesar da pouca inovação, tendo em vista o jogo antecessor, o game design é extremamente redondo, e, por incrível que pareça, é o ponto chave de Death Stranding 2, mesmo que seja destacadamente o detalhe mais diviso da comunidade.
Como é viciante explorar esse vasto o mundo, enquanto realiza as entregas e sobrevive dos mais variados inimigos.
É verdade, porém, que esse não é um jogo para todos. Inclusive, para aquele que for tentar se aventurar neste, mas não curtiu o primeiro, adianto que não vale seu tempo.
Derradeiramente acerca do tópico, plasmando-se em todos os pontos levantados, é impossível não dizer que este jogo não leva os 25 pontos máximos. Levando em consideração a proposta originalíssima trazida por Kojima, bem como o fator diversão - para aqueles que tiverem paciência e entenderem o conceito - e o alto nível técnico quase sem falhas que o conteúdo final proporciona.
GRÁFICOS E DIREÇÃO DE ARTE
Esta seja possivelmente a categoria mais unânime entre todos que viram de fora e/ou que puderam experimentar o jogo em primeira mão. No melhor sentido possível, sem sombra de dúvidas.

Imagem: Divulgação/ Kojima Productions Death Stranding 2: On the Beach tem, possivelmente, os gráficos mais lindos da história dos games. Apesar da opinião contundente e polêmica, você leitor, veja as imagens que trouxemos durante esta review ou veja uma gameplay de seu influenciador favorito, e perceba que talvez não seja tão extrema quanto parece.
O nível de detalhes trazidos é completamente absurdo, tanto nos personagens, captados pelos rostos mais famosos de hollywood, quanto - e, principalmente - nos cenários do gigantesco mundo aberto, que podem certamente confundir alguém desavisado com a nossa realidade. Sem dizer da renderização que, com quase nenhum esforço, expõe toda magnificência da beleza de todos os cantos que o jogador pode olhar. E, tudo isso, sendo um jogo de mundo aberto, o que, sem dúvida, torna mais impressionante.
Já a direção de arte nada de braçada sobre todo esse esplendor visual, sabendo o momento certo de relacionar todos esses elementos com o game design e a narrativa.
Falar bem dos gráficos de Death Stranding 2 é chover no molhado, por isso, a nota 15 é inevitável.
NARRATIVA E IMERSÃO
Quem não gosta de Hideo Kojima pode dizer de tudo, menos que suas histórias são rasas ou superficiais. Certamente suas narrativas não são para todos, e não só porque são extremamente longas, complexas, metalinguísticas, subversivas e originais até demais, mas sim por serem bizarras. Não há outra palavra para descrever a história desta obra além de bizarra.
Basicamente, o segundo jogo começa de onde o primeiro terminou, e prossegue a jornada de Sam Porter Bridges (Norman Reedus) de reconectar o que resta da civilização, que foi dizimada pela catástrofe denominada de Death Stranding.
Para não me aprofundar na gigantesca lore, pode-se dizer que Sam agora tem a missão de reconectar o continente australiano, assim como fez no território norte-americano no primeiro jogo, a convite de Fragile (Léa Seydoux), sua principal companheira. E o jogo, muito superficialmente relatando, se envolve em torno disso, sem dar muitos spoilers.
Mas, o que pode-se dizer que a trama está categoricamente mais complexa, e isto não era uma tarefa fácil de se cumprir. O que não tira o fato, entretanto, de ser uma excelente história, resvalando em diversos temas como sociabilidade, depressão, existencialismo e muitos outros.
Ainda sim, mesmo sendo uma história excelente, única e complexa, era de se imaginar que esta tomasse um rumo um pouco mais pragmático. Porém, houve no game, mais para o seu período final, certas extrapolações que beiram o desnecessário.
Sua estrutura narrativa é outro ponto a se destacar, pois está idêntica ao primeiro jogo, o que perde um pouco de autenticidade para o título abordado. Tornando a história um pouco decepcionante, após tanto tempo investido.
No entanto, mesmo com estes pontos negativos, é impossível dizer que é uma narrativa ruim ou medíocre, muito pelo contrário na realidade. Afinal de contas, a narrativa pode ser considerada o foco de Kojima para o jogo. Contudo, poderia ser melhor aproveitada.

Imagem: IGN Brasil Dito isto, a nota final desta categoria é 12, por tropeçar em alguns pontos que poderiam ser facilmente desviados, tudo em nome da originalidade da história, a qual não se reflete, por sua vez, na estrutura da narrativa em si, que está idêntica ao do primeiro jogo.
DESEMPENHO TÉCNICO
Conjuntamente com os gráficos, o desempenho técnico não deixa a desejar. Afinal de contas, para aguentar gráficos como estes o jogo precisa estar em dia com a taxa de quadros, que está travada aos 60 FPS, com leves variações. Mas, mesmo com certas áreas do jogo que contam com muitos elementos em tela, o desempenho se mantêm sólido no ainda pouco explorado Playstation 5 base, plataforma utilizada para esta análise.
Importante ressaltar que o jogo é, até o momento, exclusivo de Playstation 5, então, para as demais plataformas, esta análise pode ser atualizada.
O que pode-se dizer é que na minha gameplay não houve nenhuma instabilidade ou mesmo bug, fora em alguns momentos que fiquei preso em algumas localidades, mas prontamente me desvencilhei utilizando o pulo, tanto do personagem, tanto do veículo.
Nesse quesito, perfeito. Nota 10.
TRILHA SONORA E ÁUDIO
Já a trilha sonora é novamente brilhante.
Composta, em sua maioria, pelo multi-instrumental "WOODKID", bem como diversos outros artistas, a trilha evidencia o tom sombrio e melancólico, mas, ao mesmo tempo, relaxante e pacífico do jogo. E, isso vale tanto para as inúmeras canções que acompanham o jogador em seu andar, quanto para os temas instrumentais do jogo em si.
Pode- se dizer que a trilha é um personagem do jogo, tamanha sua importância.
O áudio também é de extrema qualidade, e muito fidedigno com os detalhes do cenário, que, aliás, estão muito mais mutáveis, tornando a proficiência desta técnica bem mais importante que no primeiro. Fora os outro detalhes que se mantêm impecáveis, como o disparo de armas, tração do veículo e os próprios diálogos.
Para esta categoria, como todo jogo de grande orçamento deve se prezar em realizar, Death Stranding 2 recebe nota 10.
INOVAÇÃO E ORIGINALIDADE
Esta categoria é uma grande recapitulação de alguns pontos trazidos em jogabilidade e narrativa, afinal é uma continuação. Assim, é normal que traga alguns elementos do jogo anterior.
No quesito gameplay, o jogo fez claramente o dever de casa, trazendo mais elementos para uma jogabilidade já estabelecida, e, a propósito, extremamente original.
Já a narrativa, esta sim poderia seguir o seu próprio caminho, devido até mesmo ao imenso universo em que está inerte, mas não o faz. E, principalmente, enquanto estrutura, que, apesar das bizarrices, é bem semelhante.
Todavia, como Death Stranding é, irrefutavelmente, um marco de originalidade para indústria, e este título é sua continuação, nesta categoria não se pode dar menos do que 10, independentemente dos percalços elevados na categoria de narrativa.
REJOGABILIDADE E CONTEÚDO
O jogo possui uma grande gama de conteúdo, apesar das más línguas.
Há muitas missões de entrega para serem realizadas, treinos de RV para serem superados e bases para serem invadidas. Sem contar todas as estradas e trilhos - outra inovação deste jogo - que precisam da contribuição do jogador, em parceria com outros - se utilizar do "modo online" do jogo, que retorna -, para serem construídas.
Sendo assim, este título, para quem é fã, é um prato cheio de diversão inédita, que pode muito bem ser revivida para garantir outras linhas de diálogos disponíveis, bem como cutscenes que podem muito bem passar em uma primeira jogatina.

Imagem: PSX Brasil O jogo possui de conteúdo, segundo o extremamente útil site How Long to Beat , 34 horas para sua campanha principal e 111 horas de conteúdo bruto para realizar todas as tarefas do jogo.
Dessa forma, Death Stranding 2: On the Beach merece o máximo de nota neste quesito, ou seja, 10 pontos.
INTERFACE E QUALIDADE DE VIDA
Por fim, temos a categoria menos importante, mas que, se efetuada de maneira inadequada, pode atrapalhar, por muito, a experiência do jogador. O que não ocorre aqui.
HUD muito limpo, expondo só as informações necessárias e emergentes, menu de fácil compreensão, opções de acessibilidade muito bem postas e grande maleabilidade nas demais funções tornam este título mais um exemplo de compromisso dos desenvolvedores com o público gamer.
Sem nada mais a acrescentar, é justo atribuir ao mais recente game de Hideo Kojima nota 5.
Diante de todos os pontos conferido até aqui, esta análise se encerra atribuindo a Death Stranding 2: On the Beach a nota geral de 95 pontos.
Uma jornada que se demonstrou extremamente divertida, mas sem perder sua complexidade intrínseca em ser palco para uma história digna de sua aclamação. Vale cada minuto investido, para quem gostou de seu antecessor.
Que Hideo Kojima nos surpreenda cada vez mais com suas loucuras em jogos futuros.











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